sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

9 ou 32?

.



-É ele!

-Ah?

-É ele, não se mova.

-Mas,

-Tenho quase certeza que é ele.

-Mas ele quem?

-Shhhhh, finge que não está vendo.

-Mas eu não estou vendo, de quem você está falando?

-Shhhhhh, disfarça, disfarça, assobia.

-Mas eu não sei assobiar.

-Shhhhh, assim ele vai perceber.

-Mas de quem você está falando?

-Lalalá... canta comigo amiga, vou deixar a vida me levar...

-Perae, o que está acontecendo?

-Ele vem vindo, ele vem vindo, olha pro céu, talvez ele pare ao seu lado pra ver o que você está vendo, é uma chance

-O que?

-Não, pro céu não, vai que ele vai te achar maluca olhando pro teto da rodoviária.

-Mas...

-Olha pro chão, ele vai achar que você perdeu alguma coisa e vai querer te ajudar.

-Você...

-Não, pro chão não que vai que vocês encontram uma barata, não é uma boa impressão pra um primeiro encontro.

-Perae...

-Olha pro além, finge que está filosofando.

-Afff!

-Não, pro além não, ele pode pensar que você é cega, com aquele olhar fixo, ou ainda uma lunática, precisamos pensar em alguma coisa.

-Os últimos minutos já estão me fazendo pensar muito, como eu nunca percebi que você não era normal?

-Cadê ele?

-Sei lá.

-Cadê? Cadê? Onde ele foi? Ele estava ali.

-Talvez tenha ido no banheiro.

-Ah, então vamos, precisamos ficar na porta do banheiro, quando ele passar você derruba uma caneta.

-Não, eu não vou a lugar nenhum, não arredo o pé daqui.

-Vamos, vamos, tem alguém saindo do banheiro.

-Pára de me puxar, a rodoviária inteira está olhando pra nós. Não adianta tentar, o máximo que você vai conseguir é arrebentar meu bolso da calça.

-Tudo bem, vamos esperar. Nunca vi uma pessoa mais estranha que você.

-Estranha? EU????

-Olha lá, ele vem vindo.

-Raios! Toda essa frescura e eu nem conheço. Você quer me fazer o favor de dizer quem é???

-Como quem é? É o João Marcelo!

-O QUÊÊÊÊÊÊ?????????????

-Disfarça, disfarça. Olha pro livro que ele tá chegando.

-Aaaaaaa como eu posso disfarçar se esse deus grego está aqui tão perto?

-Shhhhhhh você está falando alto.Canta comigo, vou deixar, o João me levar, pra onde ele quiser... ele está entrando no ônibus.

-Ai socorro, no mesmo que eu vou entrar?

-Shhhhh continua cantando e fazendo cara de paisagem que todo mundo aqui me conhece, não posso participar de um escândalo.

-O que eu faço? O que eu falo?

-Não faz nada, pega a mala e continua cantando.

-Tá, vou deixar... a vida. Num dá, num dá pra cantar.

-Também, desafinado assim melhor não cantar, respira cachorrinho que vai ter mais efeito.

-Me abraça?

-Claro que não, aqui? Na frente do embarque?

-É, eu preciso de um abraço.

-Não, aguarde, comporte-se, lembre-se: Você é uma lady. Empina esse nariz e continua a respirar.

-Ufff! Ufff! Ufff!

-Pronto, entrega sua mala pra ser colocada no bagageiro.

-Posso falar uma coisa?

-Devagar, respirando.

-EU NÃO AGUENTO MAIS RESPIRAR. EU QUERO FUGIR!!!

-Concentra, concentra, foca, inspira.

-Tá, agora eu vou entrar, me dá um abraço.

-Agora sim, pronto, boa sorte.

-Ei, volta aqui! Me dá tchau! Ei, amiga!





-Com licença, desculpe. Ops, foi sem querer. Ah, me desculpe, mas não fique brava, suco de laranja é bom pro cabelo.





-Com licença, senhor. Alô? Oi?

-Fala moça.

-É, hum... er... esse é o meu lugar.

-De jeito nenhum, poltrona 9 é minha.

-Não, não é não, é minha.

-Mostre sua passagem.

-Tá aqui ó.

-A sua é a 32, moça. É lá no fundo.

-É que houve um engano, eu tinha intenção de comprar a 9, mas quando fui comprar não estava mais disponível.

-Então não houve engano, a 9 é minha.

-Então, mas o que vale é a intenção né?

-Não, claro que não. Moça, a sua é a 32.

-Tá bom.





-Senhor?

-Fala moça.

-É, eu acabei de descobrir que mudaram as poltronas de lugar.

-Como assim?

-É, dê uma olhada no número da sua poltrona.

-Ué, como esse 32 veio parar aqui?

-Foi o motorista, ele disse que estava enjoado das poltronas sempre no mesmo lugar, fez isso pra divertir os passageiros.

-Moça, não adianta mudar os números, eu não vou sair da minha poltrona e é melhor você ir pra sua antes que eu chame o motorista.

-Tá bom, tá bom, não precisa ficar bravo.





-Hã-hã.

-Faaaala moça.

-É, desculpe interromper.

-Não desculpo nada.

-É que eu lembrei agora que a última vez que eu fui em uma cartomante ela disse que meu fim estava próximo.

-Se continuar a me irritar...

-E ela disse que eu terminaria meus dias numa poltrona de número 9.

-Ahhhh minha nossa senhora, de onde você surgiu?

-Então, e ela disse que as pessoas do ônibus que eu estivesse viajando morreriam também se eu não estivesse no número 9.

-Mas como você é implicante, sabe o que significa NÃO?

-Tudo bem, tudo bem, não precisa gritar.





-Oi!!!

-De novo, moça?

-É.

-Porque tá sussurando?

-Shhhhhh

-Alguém deve ter me rogado uma praga. O que foi agora?

-Descobri que vão fazer um sorteio no ônibus.

-Sorteio?

-É, e descobri que está tudo combinado.

-Combinado?

-Sim, o motorista vai sortear a poltrona 32.

-Ah, juuuura?

-Juro!!!

-E porque justo a 32?

-Porque é a idade dele!

-Ah, saia daqui antes que eu te dê um peteleco.

-Argh, tá bom, não precisa ser ignorante, eu só queria ser gentil.





-Moço, é a última vez que eu venho aqui, prometo.

-Sim, é a última vez mesmo! Senta logo nessa maldita poltrona, antes que eu te jogue pra fora do ônibus!

-Obrigada!

-Desde que você me deixe em paz é um prazer deixar você sentar nessa poltrona.

-Puxa, valeu hein!





-Até que enfim, consegui a poltrona 9! Oi.

-zzzzz

-Moço?

-zzzzz

-Bom, talvez você esteja mesmo dormindo, ou então é tímido. Bom se você for tímido como eu, deve estar só fingindo e vai me ouvir. De qualquer modo, mesmo que você esteja dormindo, eu sei que o seu subconsciente está captando tudo que eu estou falando. É mais ou menos como aquelas terapias ou cursos que fazem com as pessoas dormindo. Bom, foi difícil chegar aqui, mais difícil ainda criar coragem pra falar com você. Sabe, desde a primeira vez que eu vim pra sua cidade que eu te achei bonito. Lembra, uma vez que você estava no Franz Café e minha amiga e eu, (ela mora na sua cidade) estávamos lá? Depois nós ficamos te seguindo por um bom tempo. É, acho que você nunca percebeu né? Ou fingiu? Ahhhh moço esperto!!! E eu achando que você não sabia de nada. Passei várias vezes em frente à sua loja, mas você nunca estava lá. Em compensação, conheço todos os atendentes e sei o preço de várias mercadorias. Posso até trabalhar lá. É, trabalhar lá não dá, porque eu tenho uma vida na minha cidade, mas eu posso vir sempre nos finais de semana. Eu gostaria muito de sair com você. Você é bem quieto né?

Eu adoro homens quietos, os quietinhos são os melhores. Você aliás deve ser bom em muita coisa, tão bonito, forte, cheiroso. Nossa, é muito difícil de falar tudo isso, afinal eu estou aqui falando e ainda nem tive coragem de olhar no seu rosto. Mas eu vou olhar. Melhor, vou te dar um beijo, assim eu fecho os olhos e não fico com vergonha.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!

-Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!

-Sua louca, o que é isso?

-Mas, mas, você...

-Eu o que? Tá doida? Nunca te vi e acordo com você tentando me beijar.

-Mas você não é o João Marcelo!!!!

-Claro que não, sua maluca!





-Senhor.

-Ah, não, você de novo, não. O que foi agora?

-O senhor podia trocar de poltrona comigo.

-Mas de novo? Você não queria a 9? Eu te dei, agora você quer essa de novo?

-Prometo que é a última vez!

-Vai ser mesmo. MOTORISTAAAAAA!





Bom, pelo menos estou num ônibus longe daquele maníaco pela poltrona e do farsante, onde já se viu se disfarçar de João Marcelo?

Opa!!!

Mas... Não! Não pode ser! O que eu faço? O que eu faço? Respirar, assobiar, olhar pro teto, olhar pro chão, olhar pro infinito, cantar uma música. Não consigo fazer tudo isso junto, como era mesmo? No mesmo ônibus que eu!!! Isso é muita sorte!! Eu preciso sentar do lado dele!

-Com licença, senhor.

-Pois não, moça.

-É... a sua poltrona está errada.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Bonnus Track: "Fui no pagode na casa do gago"

Este é um post da época em que eu era uma pesquisadora de Caras Diferentes, ou CD como vocês lerão adiante. O problema dos CD's é que assim como os de música, sempre tem pelo menos uma faixa que não agrada.



Conheci um CD no msn. Na verdade, eu não sei como ele foi parar no meu msn, mas quando notei, estava lá e me chamando pra conversar. Pela fotinho daexibição era um CD no mínimo interessante.

Começamos a conversar.

O papo não correu muito tranquilo na primeira conversa. O CD estava revoltado porque tinha desmanchado da namorada. Bem, até aí, tudo bem, é completamente compreensível que a pessoa fique assim. Comecei a fazer algumas perguntas, tentar ajudar e descubro isso:

"CD diz: Durou 2 meses, mas o problema não é o tanto tempo desse relacionamento, o problema é a quantidade de tentativas e erros "

Pára o mundo que eu quero descer! O que é isso? O cara tava revoltado por um namoro que durou dois meses e ainda vem me dizer depois, que nestes dois meses eles desmancharam e voltaram muitas vezes. Como isso? Como alguém consegue isso tudo em dois pequenos meses, 60 diazinhos?

Bom, mas como existem razões que até o coração desconhece, resolvi buscar a paciência do fundo da alma e continuar a conversar.

Depois disso, conversamos mais uma vez, e o CD sumiu.
Quando apareceu novamente, um mês depois, estava com um nick estranho, com o nome dele e de uma menina. Descobri que ele estava namorando e enquanto falava comigo costurava alguma coisa na cueca, pra fazer uma surpresinha pra namorada. (?!?! nunca descobri o que era essa costura, AINDA BEM!)

Depois de um mês, desmanchou da namorada e nossos papos se tornaram mais freqüentes. Até que marcamos um jantar.

No dia que antecedia o jantar, rolou um papo assim:

"Malu Green! diz: Bom, agora eu vou meeeeeesmo dormir, tô caindo de sono
CD diz: ANTES de vc ir dormir posso ouvir sua voz?
Malu Green! diz: Hum... ouvir?!?!? Pode"

Na maior parte das vezes que conversamos, ele era simpático, alegre, bem humorado, porque não daria meu número pra ele? Bonzinho demais. E quando a bondade é muita, eu desconfio, mas neste caso, não conseguia desconfiar de nada.

Anotou meu número e eu desliguei o micro, e deitei. Minutos depois o telefone toca.
"Eu: Alô
Do outro lado da linha: Quem fala?
Eu: Oi, sou eu, tudo bem?
CD: Tudo
Eu: Pronto, matou a curiosidade de me ouvir? (rs)
CD: Ma ma matei, mas agora que que quero ouvir ma ma mais."

NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOO! O CD estava riscadíssimo, nasceu riscado e eu não sabia o que fazer.
Explico: desde que eu me conheço por gente, quando eu ouço alguém gago eu tenho um ataque de risos. Eu sei que é feio rir dos defeitos das pessoas, mamãe explicou isso desde sempre, mas é algo muito mais forte que eu, eu simplesmente não me aguento.
E me pus a rir, claro. Mas não foi simplesmente uma risadinha, foi uma gargalhada.

E pra ajudar, o cara falava mais que tudo na vida. Muito mesmo! Ele falava mais que eu!!!!! Nunca vi nada igual.

Agradeci aos céus por ter a tecla MUTE no meu telefone e assim fiquei por uma hora.
Enquanto ele falava, eu deixava no MUTE, quando ele parava, eu me recompunha e falava uma frase rápida, pra voltar ao MUTE.

Claro que na manhã seguinte eu cancelei o jantar, pois caso eu levasse adiante, seria um fiasco de minha parte.

Mais uma experiência fracassada. Desta vez, por falta de capacitação da pesquisadora.
Eu me me mereço!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Borboletas

Começaram bem.
Se não fosse bem pelo menos no início, nem teriam começado, não?
Um simples toque de um já fazia arrepiar o corpo todo do outro.
Ele fazia questão de se lembrar de todas as regras de etiqueta que sua mãe havia ensinado para não fazer feio na frente dela.
Ela comia pouco para que ele tivesse uma boa impressão.
Ela não se importava se ele atrasasse um pouquinho ou até 30 minutos.
Ele também não reclamava de esperar no carro quando chegava em sua casa e ela ainda estava no banho.
Ela arrumava a bagunça do quarto enquanto ele estava no banho só pra vê-lo surpreso quando voltasse.
Nos poucos momentos que tinham a sós, se devoravam como loucos, sedentos um pelo outro, o sexo era selvagem e quente.
O que sentiam um pelo outro aumentava a cada momento, eles já não conseguiam mais ficar muito tempo separados.

Depois de cinco meses, resolveram apresentar-se às famílias.
Ela achava lindo o sobrinho dele pedindo para ficar em seu colo.
Ele adorava quando a sogra lhe trazia bolinhos quentinhos.
Ela passava horas conversando com o pai dele sobre os mais variados assuntos.
Ele ajudava o pai dela nos tradicionais churrascos de domingo.
Eram sábados com a família dele e domingos com a família dela.
Formavam o casal mais alegre já visto.
Estavam no auge da paixão, tudo parecia perfeito, tudo estava bom demais pra ser verdade.

Depois de 10 meses, o primeiro natal juntos.
Resolveram unir as famílias.
As sogras na cozinha animadas preparando a ceia.
Os pais e os tios na sala, comentando sobre os últimos jogos de futebol.
As crianças no quintal brincando e aguardando o papai noel.
As tias se conhecendo e trocando receitas de crochê.
Os primos conversando numa roda de jovens e eles juntos.
Parecia um sonho, agora já podiam afirmar que o que sentiam era mesmo amor, o mais puro sentimento, buscado por todos e alcançado por poucos.
A vida tinha um outro sentido, tudo era bom e o que não era, podia ser visto pelo lado positivo de ser um dia melhor.
Tudo podia melhorar, eles poderiam conquistar qualquer coisa que quisessem desde que estivessem juntos. Queriam estar perto o máximo que pudessem. Encontraram um no outro, o que sempre buscaram pelo mundo, o que faltava no seu íntimo, finalmente tinham achado alguém que os completava.

Completaram 1 ano de namoro e resolveram ficar noivos na mesma data.
Mais uma festa unindo as famílias.
Os pais emocionados, os noivos nervosos. Juras de amor infinitas. Promessas de um futuro feliz com a união dos dois.
Lágrimas escorriam pelo rosto de ambos enquanto trocavam as alianças prometendo com o mais íntimo de suas almas que se amariam pela eternidade.

Já não podiam mais imaginar-se separados, a simples idéia de viverem longe um do outro lhes fazia faltar o ar, era como se o chão sumisse debaixo de seus pés e uma grande vertigem tomasse conta deles. O amor era o mínimo que podiam sentir, na verdade eles arriscavam dizer que sentiam muito mais do que amor mas ainda não tinham descoberto uma palavra que pudesse explicar o que era.

Segundo natal em família na casa dele.
A mãe dele na cozinha enquanto a mãe dela ficava na sala.
O pai dele e seus tios discutindo futebol.
O pai dela? Nem foi.
Os jovens em uma rodinha falando de assuntos banais.
Os nossos dois amantes? No portão discutindo.
Ela tinha se atrasado, ele havia ficado mais de 10 minutos aguardando na sala da casa dela. Claro que esse foi só o fator que desencadeou a discussão. Afinal, ela tinha ido tomar banho mais tarde porque ele nunca chegava no horário.
Ele reclamava que a mãe dela não queria chegar perto da mãe dele.
Ela dizia que a mãe dele sempre foi grossa com a sua mãe e nunca deixou que ela fizesse nada na cozinha.
O pai dela nem estava presente porque tinha discutido com o pai dele no último jogo de futebol.
Ele reclamava que queria ter saído com os amigos, mas que por causa dela e da família dela, ele tinha que ficar na festa.
Os assuntos se misturaram, afinal, se ele não fosse tão porco à mesa, arrotando a cada garfada, talvez a irmã dela tivesse vindo.
Ou então se a casa dele não fosse tão bagunçada.
Ou ainda se aquele sobrinho maldito parasse de pentelhar e querer sentar no colo.
Ou se a mãe dela parasse de oferecer aqueles nojentos bolinhos que lhe causavam náuseas e dores de barriga.
Ou se ele pudesse fazer outra coisa aos domingos além de ter que ficar na casa dela, assistindo um programa idiota e comendo aquele churrasco de carne de terceira.
As crianças corriam e gritavam. Malditas crianças, não podiam calar as bocas por um momento para que pudessem discutir em paz?
E o sexo? Ah, o sexo, porque haviam tocado naquele assunto?
Se ele não gozasse tão rápido, desse mais atenção ao prazer dela e não dormisse logo em seguida.
Se ela não comesse tanto talvez ele ainda tivesse tesão pelo corpo dela e conseguisse demorar mais pra gozar, já era um sacrifício ter que gozar com ela e ela ainda queria que demorasse mais?
Silêncio.
Ela pediu que não se importasse com isso e fizesse só o que realmente queria fazer.
Foi nesse momento que ele entrou no carro.
Ela voltou para sua casa.
Lá ficaram as famílias que se odiavam, transmitindo falsos desejos de feliz natal a quem mal suportavam e tão grande era a festa que não notaram a ausência dos dois.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Amanhecer




O dia mal nasceu.
Os primeiros raios do sol juntamente com a brisa da manhã, entram pelas frestas da janela, dando uma sensação de frescor ao ambiente.
A luz é leve. Gentil. Incidente. Um acidente da vidraça. O ar puro.
Respirar torna-se fácil.
As roupas na cama são macias e delicadas.
Os arrepios dividem-se.
Parte deles causada pelo simples toque do tecido na pele, e parte por sentir a respiração de outrem.
O contato entre peles retrai os músculos.
Causa tensão.
Causa tesão.
Causa.
O tato é aguçado e cuidadoso.
Inicia-se uma busca incessante pelo conhecido desconhecido.
São toques que buscam reviver sensações, sussuros e suspiros.
Os corpos descobrem aos poucos que estão possuídos por um desejo ardente.
A luz ainda é leve, mas ofusca.
A brisa da manhã tem mais velocidade, mas a temperatura é alta.
Respirar torna-se difícil.
As roupas na cama, arranham, queimam.
Devoram-se à exaustão, até que exaustos entram em estado de torpor etéreo.
E já não importa mais se o dia realmente nasceu ou não.




Minhas palavras estão voltando aos poucos.
YAY!

=)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Roda Roda Vira, Roda Roda Vem, Fui Dormir Com a Mão Na Bunda e Ainda Não Comi Ninguém

Mais uma vez, brota um cara no meu msn.
Aparentemente normal, numa quinta-feira normal, com uma conversa normal.
Do nada, rola o seguinte diálogo:

Eu: E aí? Quais os planos pro fds?
Portuga: Sair com vc. rs.
Eu: é mesmo? e eu nem sabia?
Portuga: tá sabendo agora. rs. e vc? o que tá planejando?
Eu: e se eu não perguntasse, quando vc me contaria? no sábado eu vou pra balada, quer ir?
Portuga: balada? será que eu aguento?
Eu: aí eu já não sei... qual foi a última vez que vc dançou das 23:00 às 5:00?
Portuga: nossa... não me lembro. Bom, vamos nessa então! rs.
Eu: eu vou com uma amiga e vou encontrar um amigo que vai com uma turma se vc quiser levar alguém... só que lá não dá pra conversar
Portuga: aí nào dá né? rs. eu gosto de sossego.
Eu: xiiiii então lá não é o... digamos que, lugar perfeito, pra vc
Portuga: pra nós, né? rs.
Eu: depende, eu gosto de agito, quem disse que gosta de sossego foi vc, mas se for pra conversar, não é o lugar perfeito pra ninguém

Agora fala muito sério! Planeja o final de semana comigo e não me avisa?
Tá, eu fui muito legal de convidá-lo pra sair comigo, mas quem não curte um agito é ELE. E vem dizer que não é o lugar perfeito pra NÓS????? NÓS???? Nem

existe NÓS, criatura! Só se forem os nós do seu cabelo.
Mas continuando. Na sexta ele foi viajar. Ou seja, ele num ia pra balada nenhuma mesmo.
E quando ele contou que ia viajar na sexta-feira, dei uma provocadinha básica:

Eu: mas e nossa balada de amanhã à noite?
Portuga: putz! é mesmo! não quer ir comigo pra trilha?
Eu: (rs) eu tô brincando com vc!
Portuga: :-\
Eu: O que foi?
Portuga: fiquei mal agora. vou deixar vc sozinha. aí, sem opção, vc vai ficar papeando com o seu amigo e eu vou morrer de
ciúmes.
Eu: (muitos risos) é meu amigo
Portuga: ainda bem. rs. nem com nenhum outro?
Eu: Hahaha mas porque essa preocupação?
Portuga: sei lá. acho que estou gostando de vc. :-[
Eu: Vc vai me abandonar e agora fica preocupado? Mas... vc gostando de mim? Como se vc nem me conhece?

Agora uma pausa mais do que necessária! Queria porque queria sair comigo, depois vai viajar, aí fica com ciúme do meu amigo!
Não, perae! CIÚME de alguém que não conhece com outra pessoa que nem sonha em conhecer?????? Que mundo ele vive?
E ainda por cima vem dizer que tá gostando de mim?????? GOSTANDO?

Portuga: sei lá. sinto vc tão próxima...não sei explicar.
eu sei que isso tem a ver com a minha carência (difícil admitir como homem, mas é verdade). Muito tempo sem ninguém. Sei lá. E vc é boa gente. Isso me dá esperanças.
entenda, não espero te encontrar e me apaixonar perdidamente. Pode acontecer, mas eu sou pé no chão. Mas esse "gostar" é mais como uma paixãozinha, tem mais a ver com afinidade, delicadeza...essas coisas.
Eu tenho até medo de pensar em você, acredita? Mas vejo seu rosto e algo acontece, me passa uma impressão de tranquilidade, sossego... Eu adoro isso. Gosto de gente tranquila, da paz.


Afff homem carente num dá. É tudo de ruim!!! Que isso! Só faltou ele me oferecer casa, comida, roupa lavada e 10 mil por mês só pra eu sair com ele. Porque
existem esses tipos de malucos que se jogam aos pés de quem mal conhecem?

Portuga: Ai que vontade de te raptar agora e ficar a tarde toda olhando para os seus olhos.
Eu: (rs) vc ia conseguir me manter acordada pra fazer isso?
Portuga: não sei. mas se vc dormir, pelo menos ficaria com vc. Eu cuidaria até vc acordar.

Lindo né? Muito romântico, não?
Pra qualquer pessoa menos pra um que me conhece há 2 dias, pelo msn e só viu UMA foto.

Portuga: Se me der seu celular eu prometo ligar.
Eu: Posso passar sim, mas não quero que se sinta obrigado a ligar


PAUSE: Sim, eu sou uma idiota que distribui o número do celular. se bem que neste caso fazia parte de um estudo sobre os tipos estranhos que se aproximam de mim!
PLAY!


Portuga: Claro que não! ligarei com o maior prazer!
Eu: Então tá!
Portuga: anotado.
Portuga: O seu é Tim?
Eu: Sim!
Portuga: legal. to pensando em comprar um.
Eu: Eu adoro a TIM
Portuga: Eu adoro vc.

Eu falo da TIM e ele diz que me adora. Que grude!
Neste dia, o Portuga ligou do ônibus para se despedir, lotou meu celular de mensagens dizendo que me adorava e um email dizendo que me adorava muitão!

Pasmem! Dois dias de conversa!!!!!
Quando voltou, começamos a conversar, ele me chamando de 'amor' e se sentindo o mais namorador.
Ficou ausente por um minuto e na volta:

Portuga: pronto querida.
Eu: :)
Portuga: sentiu saudades?
Eu: HAHAHHHAHAHAHA

Tem alguma outra coisa pra dizer pra alguém que faz a fatídica pergunta: Sentiu Saudades?

O papo com este indivíduo continuou mais uns dias, até que ele resolveu dizer que adorava dormir juntinho e perguntou minha opinião.
Eu fui muito sincera dizendo que ODEIO dormir juntinho. Que se for pra DORMIR mesmo, eu quero é dormir sozinha e esparramada na cama.
Nossa! Vocês não imaginam, ele ficou muito abismado.
Disse que era muito bom dormir com a mão no peito, mão na bunda.
WOW!!! Existe como dormir tendo uma mão na sua bunda ou no seu peito? Se alguém consegue, por favor me explique como.
Falei pra ele que eu curtia sim uma mão na bunda e uma no peito mas não pra dormir.
Aí ele lança a pergunta:

"E como vc vai fazer quando casar?"

Eu TINHA que ser sincera mais uma vez: Quem disse que eu vou casar?

"Você não vai casar?"

Claro que não, ainda mais se o pretendente quiser ficar dormindo grudado. Porque deitar juntinho é uma coisa, mas passar a noite grudado como ele tava descrevendo é outra muito inviável.

"Bom, eu adoro dormir junto porque eu sou um grude, quando namoro eu sou praticamente um chiclete."

Pô, nessa hora eu fiquei com dó.
Ele deveria estar teclando com a minha amiga C, não comigo. Ela gosta de homem pertinho e colado, não eu.
Com uma pequena dor no coração, lancei:

"Pra mim, homem grude é praticamente um repelente! Odeio."

E desde aquele momento, eu fui bloqueada por mais um fã.

Beijotchau!