sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Gentileza gera... Stalker!

Sabem o tiozão que veio me agradecer pq eu o cumprimentei? 

Hoje, fui acordada pela moça da pousada dizendo que ele estava lá na porta, pedindo pra me chamar. Disse que ia me levar pra um passeio, uma exposição de flores em Santarém. 

Acordei no susto e qdo vi quem era, pedi pra menina dizer que ainda estava dormindo. 

Sério?!? Sério?!? Sério?!?

Eu só falei com ele naquela ocasião e o tio já se sentindo meu mais recente amigo de infância.

A mocinha da pousada rolava de rir e dizia: ele tá te querendo!

Pior, ele mora na mesma rua da pousada.
Tô fazendo caminhos alternativos pra entrar e sair.

Caraca!
Miss Laje strikes again - versão terceira idade. Argh!

Ok, podem rir!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A vida é tão Rara...


Então... Me sentei num banquinho da praça, que tinha umas agendas e uns saquinhos num canto. Fiquei lá tomando meu sorvete, ouvindo um músico tocar no bar do lado e esperando o tempo passar.

Eis que chega uma mulher e senta no banco. As coisas eram dela. 
Ela é hippie, artesã, cheia de dreads e bem morena.
Bonita.
Sorri.
Se apresenta.
Seu nome é ******** (eu preciso começar a prestar mais atenção nos nomes das pessoas quando elas se apresentam).
Me apresentei e ela sorriu: minha filha é Rara! Muito parecido.
Contou que foi casada por 10 anos com um paulista, em Embu das Artes.
- E como você chegou aqui? veio passar férias e não voltou mais?
- Lara, e eu tenho cara de turista?
- Hahaha sei lá né. Tanta gente que conheci aqui fez isso.
- Não. Eu vim pra cá pq ia pra Venezuela
- Desconfio que você não foi! Hahahaha
- Pois é. Não fui. Fiquei aqui. E tenho a Rara e a ****. Moro com um companheiro. Lá em São Paulo tenho mais dois filhos: Zeus e ****. Já sou avó de 3 netos. Eles vêm me visitar em dezembro.

Neste momento passou Rara.

- Rara, venha aqui minha filha. Está aqui é a Lara. Lara Rara, Rara Lara.

A menina loirinha, com traços angelicais, tímida, se enroscou na mãe.
- Ela não está acreditando que seu nome é esse. Ela acha que estou brincando com ela.
- Oi Rara. Temos nomes parecidos.

- Mãe, eu quero sorvete!
- Ahhhh só pq vc viu a Lara tomando - e começou a procurar dinheiro em suas coisas. Revirou e não achou. Ficou brava. Me olhou com muita raiva nos olhos e disse: - ****** me roubou!

- Vamos lá, Rara. Vou pagar um sorvete pra você.
- Não, não, eu vou pegar meu dinheiro
- Me deixe pagar um sorvete pra sua filha. Posso?
- Pode sim - enquanto continuava a procurar o dinheiro.

- Vamos, Rara. Qual sabor você quer?
Rara pensando por alguns segundos: quero de morango, num copinho. mas quero um copinho a mais pra dividir com minha prima. Mas é um sorvete só, moça. Só quero dividir.
Rara saiu feliz com o sorvete enquanto sua mãe veio mostrar que tinha achado o dinheiro.
- Flor, não quero dinheiro. Foi um prazer pagar um sorvete para sua filha linda.
- Então você vai ganhar um presente meu. Brinco, colar, pulseira?
- O que você quiser me dar

Ela pediu que um dos caras que estavam com ela fosse buscar uma sexta e me desse o ultimo colar que eles tinham feito, um de olho de boi.

O moço foi até sei lá onde, e voltou com uma sexta. Me deu um colar lindo. Falou o nome de todas as sementes do colar. 

No meio, uma semente de ***** que eles chamam de olho de boi.
Foi quando ele me olhou, mais pra lá do que pra cá, e disse:
- Tem cheiro de... Como chama aquilo de lavar roupa?
- Sabão?
- Isso. Sabão em pó.
Imediatamente cheirei a semente. E ele:
- Não a semente, você. Você tem cheiro de sabão em pó.
Não sei até agora como classificar esta última frase.

*****voltou.
- Flor, o colar é lindo. Muito obrigada!
- Leve. Não importa o valor, a sua atitude hoje valeu mais que tudo - beijou minha mão - você é uma pessoa especial demais. todos somos especiais, mas as pessoas não dão importância às pequenas coisas da vida, ao que realmente é importante. e você dá, então você é mais especial. e você é linda!
- Obrigada! E obrigada por esta oportunidade. Você e sua filha linda alegraram minha noite.
- Vai com Deus! E que Jesus proteja você e sua família.
- Amém para todos nós.

E assim eu voltei, caminhando pelas ruas escuras e quietas, olhando os zilhões de estrelas que enfeitam o céu de Alter do Chão e pensando no quanto podemos fazer de bem uns aos outros com atitudes simples e algumas palavras.
Ahhhh aquela sensação indescritível de uma noite boa encerrando um dia pra lá de bom.
 — at Orla De Alter Do Chao.

Uma semana de 30 anos

Hoje conheci o César. Um gaúcho de meia idade que veio passar uma semana de ferias e acabou ficando por 30 anos.
Ele me levou a Belterra (cidade com uma história fantástica, Google it) e depois me deixou aqui em Pindabal.
Uma hora de estrada. Uma hora de histórias. Sobre a vida, a família, o trabalho.
De tanta história, uma parte que chamou mais atenção: "lá no sul, eu trabalhava com informática. comecei como digitador, depois fui programador. programava em cobol. e naquela época tinha umas impressoras grandes, fitas, cartão perfurado. e como pouca gente conhecia, pagava-se muito bem. até que um dia fui contratado por uma empresa de construção. trabalhar com informática era tão raro e valorizado que negociei meu salário com o diretor da empresa. e era uma bolada. tanto dinheiro que quando ele falou o valor eu fiquei boquiaberto, pensando se era verdade. ele, com medo que eu achasse pouco e recusasse, aumentou a oferta. ganhei muito dinheiro. mas muito mesmo. só que era uma loucura. virava noite, era cansativo, estressante, não tinha final de semana nem feriado. foi quando vim passar ferias de uma semana aqui em Alter do Chão. só voltei pra pedir demissão. não queria aquela vida pra mim não. o que adiantava ganhar dinheiro e não ter tempo pra gastar e não ser feliz? eles ainda queriam que eu ficasse mais dois meses pra passar as coisas pro menino novo, mas não fiquei não. me mandei pra cá. aqui eu faço as coisas quando quero. não dá pra ficar rico, mas dá pra viver bem, e isso é qualidade de vida. e a Sra., trabalha com o quê em SP?"
*silêncio*
- olha só, César, o que é aquela casa ali? 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Apenas um bom dia

Aí tô aqui sentada na mesinha, na praça, comendo meu peixinho, e eis que chega um senhor, com seus 60 e poucos anos e diz:
- com licença! boa noite! eu vim te agradecer!
- boa noite!
- hoje pela manhã vc estava descendo a rua e eu subindo
- ahhhh sim, na motinho!
- sim! e eu te cumprimentei e você retribuiu. e isso me fez MUITO BEM! obrigado!
Ele se apresentou. Não lembro o nome.
Convidei para que sentasse comigo.
E ele passou 30 minutos contando da vida, de como veio parar aqui há 7 anos. Ele é de Americana, SP e vê a esposa esporadicamente, pq apesar dele ter vindo pra cá por causa dela, ela não aguentou morar aqui. Ele, como já tinha feito muitos investimentos, ficou.
"Eu tenho um projeto e um sonho. E só não sonha quem já morreu, né! Então ainda to aqui tentando realizar meu sonho."
Durante o papo, varias vezes parou e ficou olhando para o nada. Como se relembrar doesse.
Terminou o papo me chamando pro café da manhã na casa dele. E dizendo que precisa ir numa cidade vizinha, que é muito bonita, e que pode me levar.
"Faz tempo que eu preciso ir lá pra comprar carne. Pq a carne daqui é muito ruim. Quem sabe você não me dá coragem de ir lá?"

Ahhhh senhor, se eu posso te dar coragem, ainda que seja pra ir na cidade vizinha, então eu sim é que tenho que te agradecer.

O tempo passou na janela, só Carolina não viu...

Ontem conheci Carolina. Uma jovem venezuelana que há 6 anos viaja pelo Brasil vendendo artesanato.
Seu marido, também venezuelano faz artesanato em madeira, enquanto ela faz trabalhos com pedras, penas e contas.
Chegou aqui pela fronteira, pra tentar uma vida melhor, e só teve "sossego" quando nasceu sua primeira filha, em solo brasileiro.
Já esteve no Rio, Parati, Angra, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Ubatuba, e São Paulo. Mais precisamente, morou um tempo no Tatuapé. Segundo ela: "muito grande essa cidade Tatuapé".
Seus artesanatos, lindos, eram colares, anéis, brincos. Ficou surpresa ao perceber que não uso nenhum deles.
Perguntou meu nome. Disse que Lara é um Estado da Venezuela com grande tradição em queijos e todos derivados do leite. (Quase feito pra mim, ahn?!)
Então, enquanto contava sua história, pegou um arame e um alicate e foi entortando, torcendo, dobrando...
E me entregou este singelo marca-páginas. "Já que não tenho nada que você usa, fica com esta lembrança".

Dei dinheiro e ela não queria aceitar, pois era uma lembrança.


Comprei então, o que talvez seja a única compra desta viagem: uma única lembrança, um brinco, mesmo não usando. É lindo. E ela merecia.



Carolina quis saber as horas. Eram quase 14h00. Era hora de dar comida pras crianças.
"Se eu vender mais um pouquinho já posso ir pra casa"
Apertamos as mãos e ela se foi.
Boa sorte, Carolina!
Brasilidade que se encontra até em quem não é brasileiro, de um país que acolhe a todos que pedem colo.