sexta-feira, 26 de junho de 2009

Inesquecível

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Eu tinha 7 anos. Estava na primeira série e ganhei o LP dele. Ahhhhh que sonho!
Quase furei o disco de tanto que ouvia. As coreografias eu sabia todas, sem nem pensar. Dentro, um poster, que tinha duas vezes o tamanho do disco. Lembro bem, ele vinha dobrado. Do lado de fora as letras das músicas (uma delas com Paul MCartney - The Girl is Mine) e dentro ele apoiado, de lado, com um filhote de onça.
Não tive dúvidas, colei o poster na parede do quarto; afinal, com 7 anos eu mal sabia ler, quem diria aprender as músicas em inglês baseada na letra. O que importava era a foto.
Cantava um embromation e me sentia a mais fã de todas as fãs do meu ínfimo universo.
Aos sábados, eu assistia o programa do Barros de Alencar. Meninas e meninos todas as semanas chegavam fantasiados, imitando nosso ídolo, e dançavam Thriller, Beat it e Billie Jean. E eu, do outro lado da tv, dançava junto. Queria ser a namorada dele em Thriller. Assistia incansavelmente ao video clipe e não me enjoava nunca.
Não consigo me lembrar de quantas vezes vi o filme do Ben, o rato, mais pela trilha sonora que pelo filme em si.
Eu ia me casar com ele. Com toda a certeza!
Um dia, meu pai me buscou na escola. Todos os dias ele me buscava, mas aquele dia foi diferente. Eu levei a carteirinha com as notas para casa. Quando cheguei, uma das notas tinha sido vermelha.
A culpa? Dele, claro. Eu só fazia ouvir aquelas músicas e olhar praquele poster. Óbvio que eu estava abandonando os estudos e me tornando a pior pessoa do mundo por isso. Levei uma surra. A primeira das 3 que tomei na vida. Inesquecível. Evidente. Assim como as outras duas. Se fecho os olhos, me lembro da cena: eu em pé na cozinha da casa em que morávamos, enquanto meu pai, de frente pra mim gritava e reclamava pela minha nota baixa. E eis que veio o primeiro tapa. Meu pai nunca foi muito comedido nessa coisa de dar bronca ou bater. Minha mãe segurava as pontas, sempre. Hoje eu vejo a "surra" como um mal até que necessário. Numa época em que o diálogo não era valorizado como hoje, pelo menos na realidade e na sociedade em que eu vivia, umas palmadas de vez em quando eram bem necessárias. Até hoje, dependendo da situação, acho que são válidas. Pensando agora, talvez esta surra seja a mais marcante mesmo, afinal eu estava apanhando por gostar de outra pessoa.
Chorei. Me tranquei no quarto, abracei o disco e chorei. Ele, o motivo dos tapas que levei, foi quem me consolou; mesmo sem saber.
Fui proibida de ouvir as músicas, enquanto minhas notas não melhorassem.
Hoje eu sei que era apenas uma nota e o motivo não era, nem de longe, o que meu pai concluiu.
Tudo isso teve um lado bom. Nunca mais tive uma nota baixa. Nunca repeti um ano. Nunca fui mal na escola.
Mas também teve um lado melhor, eu não deixei de ser fã, eu não deixei de gostar das músicas, comprar os discos, assistir tudo sobre ele e acompanhar sua vida. A única coisa que lamento é não ter assistido um show ao vivo.
Agora é tarde.
O máximo que posso fazer é levantar-me e colocar um show no dvd.
Aqui, ele continua vivo.

Michael Jackson, impossível esquecer.

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2 comentários:

  1. Nunca tive o Michael como ícone, nunca o imitei nem nada, mas peguei uma época de clips fantásticos como Black and White, aquele outro em que ele virava ouro.. enfim.. muito bom.
    Com certeza, será lendário como tantos outros.. imortal.

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  2. Eu tô em negação. Vou fingir q ele ainda tem 5 anos e tá no Jackson 5.

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