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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Cuba - Dia #8 - 30/11

Dia chato. Tão chato que quase não lembro. 
Saímos de Santa Lucia para chegar a Trinidad. No meio do caminho paramos para almoçar e o restaurante estava com problema com gás e com apenas um cozinheiro: pq não fecha essa bodega então? 
É, eu estava irritada. 
No caminho mais discussões políticas. Uma das argentinas quis discutir com o espanhol o motivo pelo qual - na visão super importante e relevante DELA -  eles não deveriam ter rei. Sério! Sério! Isso é férias ou intensivão pro vestibular? 
Andei numa bike-taxi. Hahaha coitado do moço. Teve que suar a camisa, literalmente. Mas olha, tirando os dentes de ouro, e não é força de expressão, o moço era bem interessante, fisicamente falando. Tb, carregando a galera de bike o dia todo, só podia. 
Conheci a galeria de uma artista cubana que tem um trabalho lindo! 


Martha Jiménez - Google it! 

Fui num antigo engenho, muito estilo Escrava Isaura. E todo mundo aqui falando dela, e de todas as outras novelas brasileiras. A galera ODEIA a Carminha. Hahaha é engraçado. Agora está passando Paraíso Tropical. E eles querem que eu conte o final. Ninguém acredita quando eu digo que não sei pq não assisto novela. 
E neste exato momento está passando na TV um site de encontros para fazendeiros hahahaha farmersonly.com. 
Nos hotéis tem TV por assinatura. E os canais são do México, na maioria. É engraçado assistir TNT dublado em espanhol, ou ver comerciais da Target e Walmart em Cuba. 
Hoje fiquei batendo papo com o motorista de ônibus. Ele contou que toda a família mora em Miami. Que ele já foi pra lá, comprou um Lincoln lindo. Morou lá um ano. Mas que pela idade ele não arrumou emprego. Então resolveu voltar. Aqui ele tem uma esposa e um filho de 21 anos que está no terceiro ano da faculdade de eletrônica (ou algo parecido). Confirmou o que já tinha ouvido, que para quem trabalha com turismo a vida é um pouco mais fácil e por isso ele voltou. 
Enfim, cada pessoa, um mundo. Adoro falar com eles. Desde que não me encham pra comprar hahaha
Ai que saudade de um monte de gente querida, que mesmo longe eu consigo manter perto nem que seja pelo whatsapp... Aqui, internet só numa salinha com um Pentium. Vc paga 10 dólares, digita goog, e acabou o tempo. 
Ahora, aqui no hotel está rolando um freak show. O cara chama os gringos no palco pra cantar Guantanamera. 
Começa que eles nem sabem pronunciar a palavra. Aí, a cada rodada uma dificuldade é adicionada, tipo cantar com água na língua, com água na garganta. Sério! Tá no mínimo assustador hahaha
Comprei minha pareja de negritos. Lindos! Como meu quarto tem pouco enfeite - né, Grace? - comprei mais um. 
Bem, estou em Trinidad, mas como cheguei já de noite, só vou conhecer  amanhã. Todo mundo fala muito bem da cidade e já estou sabendo que tem uma feirinha. *-*
Vamos ver se encontro algo interessante, pq até agora, nada, viu! Uns artesanatos feios e nada especificamente de Cuba. São peças que poderiam ter sido feitas/compradas em qq outro lugar. 
Estou à caça de uma moeda nacional que tem o Che. Amanhã vou ver se consigo. Tem a nota tb. É bem bonita. 

Enfim... Chega de freak show. Vou pra cama. :)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A vida é tão Rara...


Então... Me sentei num banquinho da praça, que tinha umas agendas e uns saquinhos num canto. Fiquei lá tomando meu sorvete, ouvindo um músico tocar no bar do lado e esperando o tempo passar.

Eis que chega uma mulher e senta no banco. As coisas eram dela. 
Ela é hippie, artesã, cheia de dreads e bem morena.
Bonita.
Sorri.
Se apresenta.
Seu nome é ******** (eu preciso começar a prestar mais atenção nos nomes das pessoas quando elas se apresentam).
Me apresentei e ela sorriu: minha filha é Rara! Muito parecido.
Contou que foi casada por 10 anos com um paulista, em Embu das Artes.
- E como você chegou aqui? veio passar férias e não voltou mais?
- Lara, e eu tenho cara de turista?
- Hahaha sei lá né. Tanta gente que conheci aqui fez isso.
- Não. Eu vim pra cá pq ia pra Venezuela
- Desconfio que você não foi! Hahahaha
- Pois é. Não fui. Fiquei aqui. E tenho a Rara e a ****. Moro com um companheiro. Lá em São Paulo tenho mais dois filhos: Zeus e ****. Já sou avó de 3 netos. Eles vêm me visitar em dezembro.

Neste momento passou Rara.

- Rara, venha aqui minha filha. Está aqui é a Lara. Lara Rara, Rara Lara.

A menina loirinha, com traços angelicais, tímida, se enroscou na mãe.
- Ela não está acreditando que seu nome é esse. Ela acha que estou brincando com ela.
- Oi Rara. Temos nomes parecidos.

- Mãe, eu quero sorvete!
- Ahhhh só pq vc viu a Lara tomando - e começou a procurar dinheiro em suas coisas. Revirou e não achou. Ficou brava. Me olhou com muita raiva nos olhos e disse: - ****** me roubou!

- Vamos lá, Rara. Vou pagar um sorvete pra você.
- Não, não, eu vou pegar meu dinheiro
- Me deixe pagar um sorvete pra sua filha. Posso?
- Pode sim - enquanto continuava a procurar o dinheiro.

- Vamos, Rara. Qual sabor você quer?
Rara pensando por alguns segundos: quero de morango, num copinho. mas quero um copinho a mais pra dividir com minha prima. Mas é um sorvete só, moça. Só quero dividir.
Rara saiu feliz com o sorvete enquanto sua mãe veio mostrar que tinha achado o dinheiro.
- Flor, não quero dinheiro. Foi um prazer pagar um sorvete para sua filha linda.
- Então você vai ganhar um presente meu. Brinco, colar, pulseira?
- O que você quiser me dar

Ela pediu que um dos caras que estavam com ela fosse buscar uma sexta e me desse o ultimo colar que eles tinham feito, um de olho de boi.

O moço foi até sei lá onde, e voltou com uma sexta. Me deu um colar lindo. Falou o nome de todas as sementes do colar. 

No meio, uma semente de ***** que eles chamam de olho de boi.
Foi quando ele me olhou, mais pra lá do que pra cá, e disse:
- Tem cheiro de... Como chama aquilo de lavar roupa?
- Sabão?
- Isso. Sabão em pó.
Imediatamente cheirei a semente. E ele:
- Não a semente, você. Você tem cheiro de sabão em pó.
Não sei até agora como classificar esta última frase.

*****voltou.
- Flor, o colar é lindo. Muito obrigada!
- Leve. Não importa o valor, a sua atitude hoje valeu mais que tudo - beijou minha mão - você é uma pessoa especial demais. todos somos especiais, mas as pessoas não dão importância às pequenas coisas da vida, ao que realmente é importante. e você dá, então você é mais especial. e você é linda!
- Obrigada! E obrigada por esta oportunidade. Você e sua filha linda alegraram minha noite.
- Vai com Deus! E que Jesus proteja você e sua família.
- Amém para todos nós.

E assim eu voltei, caminhando pelas ruas escuras e quietas, olhando os zilhões de estrelas que enfeitam o céu de Alter do Chão e pensando no quanto podemos fazer de bem uns aos outros com atitudes simples e algumas palavras.
Ahhhh aquela sensação indescritível de uma noite boa encerrando um dia pra lá de bom.
 — at Orla De Alter Do Chao.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O tempo passou na janela, só Carolina não viu...

Ontem conheci Carolina. Uma jovem venezuelana que há 6 anos viaja pelo Brasil vendendo artesanato.
Seu marido, também venezuelano faz artesanato em madeira, enquanto ela faz trabalhos com pedras, penas e contas.
Chegou aqui pela fronteira, pra tentar uma vida melhor, e só teve "sossego" quando nasceu sua primeira filha, em solo brasileiro.
Já esteve no Rio, Parati, Angra, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Ubatuba, e São Paulo. Mais precisamente, morou um tempo no Tatuapé. Segundo ela: "muito grande essa cidade Tatuapé".
Seus artesanatos, lindos, eram colares, anéis, brincos. Ficou surpresa ao perceber que não uso nenhum deles.
Perguntou meu nome. Disse que Lara é um Estado da Venezuela com grande tradição em queijos e todos derivados do leite. (Quase feito pra mim, ahn?!)
Então, enquanto contava sua história, pegou um arame e um alicate e foi entortando, torcendo, dobrando...
E me entregou este singelo marca-páginas. "Já que não tenho nada que você usa, fica com esta lembrança".

Dei dinheiro e ela não queria aceitar, pois era uma lembrança.


Comprei então, o que talvez seja a única compra desta viagem: uma única lembrança, um brinco, mesmo não usando. É lindo. E ela merecia.



Carolina quis saber as horas. Eram quase 14h00. Era hora de dar comida pras crianças.
"Se eu vender mais um pouquinho já posso ir pra casa"
Apertamos as mãos e ela se foi.
Boa sorte, Carolina!
Brasilidade que se encontra até em quem não é brasileiro, de um país que acolhe a todos que pedem colo.